A
música brega
Em
2004, os anos 80 assumiram a preferência do grande público. Jornalistas se
associaram e lançaram o livro “Almanaque dos anos 80” , com informações gerais
sobre a década extremamente divertida e inovadora – no Brasil fez-se
a redemocratização e surgiu também o rock nacional, com Cazuza, Frejat, Legião
Urbana, Capital Inicial, RPM e outros. Acrescente-se que Mílton Nascimento, Tom
Jobim, Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, dentre outros, eram figuras
facilmente encontráveis nas programações. Hoje, nem tanto.
Havia,
naquela década, uma espécie de unidade territorial – rádio, tevê e outras
mídias; a música produzida no Rio e São Paulo, centros culturais do País,
chegava às demais regiões. Hoje, temos Wanessa da Mata, Maria Rita, Marisa
Monte, mas a veiculação é sofrível, porque o que toca nas emissoras, em sua
maioria, são as músicas baianas, que dizem muito para os próprios baianos — e
muito pouco para os piauienses; sem contar na diversidade do forró, que não diz
nada para ninguém e sequer sobrevive à próxima semana, músicas de gosto
extremamente duvidoso. A boa produção musical brasileira fica restrita aos
grandes centros.
Antes,
se dizia que cada povo tem o governante que merece. Hoje, podemos afirmar, alto
e bom som, que cada região tem a música que merece. Nosso apego às questões da
cultura é muito limitado. Na verdade, vivemos uma época de transição, em que se
experimenta de tudo e não se aproveita quase nada. Não se sabe até quando... E
também não sabemos por que a nossa música, a música produzida no Piauí, não
recebe a valorização que merece.
Enquanto
isso, vive-se a redescoberta dos bons tempos, como os anos 80, em que éramos
felizes e não sabíamos, apesar da inflação galopante e dos monstrengos da política.
Redescobre-se agora os anos 70. Como eram interessantes, dizem os saudosistas,
e a indústria fonográfica investe maciçamente em regravações — Village People,
Gloria Gaynor, Roberta Kelly, Tina Charles, Bee Gees; no Brasil, Sarah, Brenda,
Lady Zu e outros, considerados brega, como Amado Batista — que nunca deixou as
paradas do gosto popular —, Reginaldo Rossi e Odair José.
O
que há de mal em gostar dos bregas? Nada demais. O problema está na qualidade.
E, se afirmamos que são precários, o que não dizer do que se produz atualmente?
Quando voltamos demais os nossos olhos para o passado é porque precisamos
reaprender algumas lições. Isso significa que o presente não está indo muito
bem, e não é apenas em termos de música.
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