terça-feira, 11 de junho de 2019

DIA DOS NAMORADOS - MINHA HISTÓRIA DE AMOR. QUAL É A SUA?

Estou ouvindo “We’ve Got Tonight”, com Kenny Rogers & Sheena Easton, sem dúvida uma das mais belas canções de amor de que se tem notícia. Véspera do Dia dos Namorados. Estou bem distante de minha doce amada. Cerca de 180 km me separam de Pedrina, que está em Altos(PI).

No conhecemos em 1987, muito jovens ainda. Ela tinha 18, eu 20. Éramos funcionários da Rádio São José dos Altos. A vida nos sorria com um futuro inteiro pela frente, de muito amor e realizações. Mas a gente ainda não sabia.

Eu a vi pela primeira vez e não entendi que nosso destino estava ligado de forma definitiva. Sabia apenas que existia algo muito forte que me chamava ao seu encontro. E aquilo foi me envolvendo de uma forma completamente emocional. Coloquei de uma vez por todas a razão de lado e me deixei levar por aquele sentimento irresistível.

Nos apaixonamos perdidamente em pouco tempo. Pedrina se tornou minha namorada secreta porque nossa relação era proibida. Seus familiares não me queriam por perto talvez por conta da minha profissão de jornalista e radialista. Nunca entendi ao certo o que estava acontecendo ali, nem procurei entender. Queria apenas ser feliz ao lado da mulher que me fora indicada pelo destino.

Mas este não foi o maior problema. Algum tempo depois que começamos a namorar descobrimos que ela tinha um problema cardíaco muito sério e aquilo nos deixou a todos preocupados e profundamente perturbados. Pedrina teve que ir a São Paulo repentinamente para uma cirurgia de peito aberto. Talvez não voltasse com vida. Entrei em pânico.

Sua ausência física simplesmente era esmagadora. Eu podia sentir sua presença em todos os lugares e aquilo me oprimia de todas as formas que se possa imaginar. Pensei em morrer, em tirar minha vida se ela não voltasse.

Bebia como um louco. Então apareceu a música dos Fevers, “Um Louco”. Andava pelas ruas da cidade completamente perdido, sem destino, na escuridão dos bairros mais distantes, quem sabe em busca de um destino incerto, de alguém que pudesse me livrar desse fardo que era viver longe de Pedrina. Ou na incerteza de sua sobrevivência. Eu sinceramente não sabia naquele momento se iria conseguir.

Então numa madrugada na praça Cônego Honório o encontrei pela primeira vez. Era um mendigo que dizia se chamar Dante. Pedia umas moedas para continuar bebendo. Eu tinha bebida suficiente para nós dois. E tinha também suas moedas. Desde, é claro, que ele me ajudasse. – A fazer o quê?! – questionou. Me ajude a chamar Pedrina. Para a lua, para a luz dos postes, para o universo, o firmamento. Eu preciso apenas que chame junto comigo.

E começamos a gritar desvairadamente. Por noites a fio, entrando pela madrugada. Na praça, nas ruas da cidade, nos bairros mais distantes. Uma vez na Tranqueira, outra no São Luís. De repente, não estava mais em mim. Apenas a companhia de Dante, que nunca conseguia encontrar durante o dia, por mais que o procurasse.

Pedrina para a lua, para as estrelas, Pedrina para sempre. Diga junto comigo. Grite junto comigo. – Estou gritando – ele dizia. Os moradores reclamavam, chamaram a polícia. Fomos acusados de perturbação do sossego público. Meu companheiro desapareceu na escuridão da madrugada. Os policiais me encontraram e me disseram que eu deveria ir para casa. Me ajudaram a chegar em casa.

Lembro-me que fiquei dizendo coisas sem sentido, do tipo “preciso que ela volte”, “sem ela minha vida não terá mais nenhum sentido”, “sou apenas um jovem Wearther do século XX.” Era o ano de 1989. E então a mágica aconteceu. Numa tarde quente de setembro, Pedrina me ligou. Estava sendo transferida de um hospital para outro. Pré-operatório. Pensei que não pensava mais em mim, eu disse. Choramos juntos ao telefone. Três mil quilômetros nos separavam. Uma distância infinitiva para um sujeito de 20 anos, sem lenço, sem documento, sem dinheiro no banco, sem parente importante e sem nenhuma possibilidade, naquele momento, de sair daquela condição.

Pedrina retornou algumas semanas depois. Estava devidamente cirurgiada – e curada. Pudemos realizar o nosso amor e o nosso casamento ainda naquele ano – 23 de novembro. Poucos meses depois, nosso filho a caminho, consolidava a força maior da minha expressão.

Foram minhas palavras, meus chamamentos insistentes. Meu clamor em direção aos céus, a todos os seres encantados da noite, da madrugada, ao Ser que nos criou. Foi isso que, para mim, a trouxe de volta. E Dante que muito me ajudou. Nossos gritos se somaram em romper o silêncio da pequena cidade e  percorreram os milhares de quilômetros violando a barreira e chegando até os ouvidos de Deus.

Dante sumiu completamente depois desse episódio. Nunca o tinha visto antes e nunca mais o vi depois. Foi talvez o ser enigmático enviado para ajudar a trazer Pedrina para perto de mim, fazendo-a minha namorada para todo o tempo da nossa existência.

Aproveite bem o seu Dia dos Namorados e nos conte a sua história. A música que está tocando agora é “The Way You Are”, do Secret Service.

(Toni Rodrigues)

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