sexta-feira, 28 de junho de 2019

João Vicente Claudino e o entrevistador que pergunta demais

Em companhia de Elmano Ferrer, Elizeu Aguiar, João Vicente Claudino e Chico Leal, no restaurante Bacalhau e Companhia, onde pontificaram ainda, segundo o meu amigo Beto Loyola, os jornalistas Domingos Bezerra e Bartolomeu Vasconcelos, da Teresina FM, em 29/12/2015

Entrevistado por mim na Rádio Teresina FM, o então senador João Vicente Claudino ficou contrariado com meu questionamento. Eles sempre ficam. Não entendo por quê. A gente tem que perguntar essas coisas.

Era o ano de 2014, último do seu mandato. Perguntei a ele o seguinte. Por que ele estava acompanhando a candidatura do também senador na época Wellington Dias, do PT, depois do que lhe fora feito em 2010. Wellington lhe havia prometido (pelo menos foi o que ele disse) uma candidatura de governador do esquema oficialesco. Depois o deixou chupando o dedo.

Pior do que isso. Fez-se contra ele uma campanha degenerativa sem precedentes. De desmoralização política mesmo. Foi dito que não se podia dar a um indivíduo o poder político e econômico ao mesmo tempo. João Vicente já era o homem mais rico do Piauí. Se fosse o governador seria muito poder nas mãos de uma única pessoa.

Essa afirmação foi repetida como um mantra durante toda a campanha. Enquanto isso, João Vicente Claudino ficou com aquele seu bordãozinho ridículo de afirmar que era o candidato do Lula e colocando uma gravação do ladrão de Garanhuns feita na campanha anterior, de 2006, quando ele (JVC) concorrera ao senado e realmente Lula havia pedido votos para ele. Ou seja, coisa do passado.

Enfim. Vamos à minha entrevista com ele no estúdio da Teresina FM. Pergunto. O que tem a dizer sobre seu apoio a Wdias? Ele responde: não se pode fazer política olhando para o retrovisor. Temos que superar as diferença e pensar grande. Pensar no futuro do Piauí. Ponto. Duas observações. Ou três. Ou mais.

Vamos a elas. Um: não olhar para o retrovisor. Então não estávamos diante do mesmo João Vicente que em 2010 usava gravação de Lula, do passado, para tentar fazer uma campanha falsa naquele presente. Que deu errado demais, claro. Ficou em terceiro lugar, apesar dos seus institutos de pesquisa, do Grupo Claudino, dizerem que ele ficaria em primeiro ou em segundo. Inventaram até um segundo turno para ele.

Dois: o futuro do Piauí sob a ótica do “empresário” e “político” João Vicente Claudino realmente não tem futuro. A propósito. Já o estamos vivenciando. Quebradeira total. Para começar, o estado está impedido pelo governo federal de contratar empréstimos porque não tem palavra. Mente sobre os números dos seus próprios balanços financeiros, de acordo com nota do Ministério da Economia. Indicadores econômicos, por outro, mostram que nos últimos três anos e meio houve um empobrecimento brutal da nossa população piauiense. E isso não foi um fenômeno nacional, senhor empresário. Cerca de 320 mil piauienses entraram para a linha da extrema pobreza. Estavam pobres e ficaram ainda mais pobres. Não vou repetir sobre outros assuntos tão falados pelos demais oradores do momento. Hoje são muitos. Falei sozinho durante muito tempo e talvez por isso seja um exilado em minha própria pátria.

Para encerrar. Logo depois da entrevista, o empresário Deolindo Aguiar, dono da emissora, o recebeu num convescote particular em seu escritório. No local, João Vicente foi extremamente deselegante para comigo. Para com minha profissão. Digo que sou um cara muito amargo e que faço perguntas indiscretas. Vê se pode. Perguntas que deixam os entrevistados em situação difícil. Disse ainda que tinha ficado chateado por conta da minha indagação sobre ele e Wellington Dias.

Esse é o tipo de político que nós temos no Piauí. Não pense que seria diferente com qualquer outro. A grande maioria se comporta do mesmo jeito. Não estou falando de qualquer um. Estou falando de um sujeito com quem mantive excelentes ligações por muito tempo. Na verdade, eles querem que nos comportemos sempre como aduladores. Querem que o jornalista se comporte como um cronista social das antigas, que dava apenas notinhas sobre batizados e casamentos. Ora, meus senhores. O cronista social de hoje faz notícias jornalísticas com muita propriedade.

Recentemente João Vicente animou a oposição anunciando que romperia com o governo de Wdias porque este não tinha nenhum significado para o Piauí, que havia falido o estado e tal. Imagino que os colegas que colocaram isso em portais não criaram tal notícia. Pois bem. Logo depois ele aparece anunciando que fica mesmo com o governo. Ao ver a listinha de nomeações do governo entendi suas razões. Coisa pequena. Ali estão os seus mais fiéis seguidores. Gente que não quer trabalhar e que adora ficar dependurado na babugem do estado. Gente que contribui para a quebradeira eterna do Piauí.

Maria, Valei-me!

Toni Rodrigues, em Porto-PI, data de 28 de junho de 2019

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