Entrevistado por mim na Rádio Teresina FM, o então senador
João Vicente Claudino ficou contrariado com meu questionamento. Eles sempre
ficam. Não entendo por quê. A gente tem que perguntar essas coisas.
Era o ano de 2014, último do seu mandato. Perguntei a ele o
seguinte. Por que ele estava acompanhando a candidatura do também senador na
época Wellington Dias, do PT, depois do que lhe fora feito em 2010. Wellington
lhe havia prometido (pelo menos foi o que ele disse) uma candidatura de
governador do esquema oficialesco. Depois o deixou chupando o dedo.
Pior do que isso. Fez-se contra ele uma campanha
degenerativa sem precedentes. De desmoralização política mesmo. Foi dito que não
se podia dar a um indivíduo o poder político e econômico ao mesmo tempo. João
Vicente já era o homem mais rico do Piauí. Se fosse o governador seria muito
poder nas mãos de uma única pessoa.
Essa afirmação foi repetida como um mantra durante toda a
campanha. Enquanto isso, João Vicente Claudino ficou com aquele seu bordãozinho
ridículo de afirmar que era o candidato do Lula e colocando uma gravação do ladrão
de Garanhuns feita na campanha anterior, de 2006, quando ele (JVC) concorrera
ao senado e realmente Lula havia pedido votos para ele. Ou seja, coisa do
passado.
Enfim. Vamos à minha entrevista com ele no estúdio da
Teresina FM. Pergunto. O que tem a dizer sobre seu apoio a Wdias? Ele responde:
não se pode fazer política olhando para o retrovisor. Temos que superar as
diferença e pensar grande. Pensar no futuro do Piauí. Ponto. Duas observações. Ou
três. Ou mais.
Vamos a elas. Um: não olhar para o retrovisor. Então não
estávamos diante do mesmo João Vicente que em 2010 usava gravação de Lula, do
passado, para tentar fazer uma campanha falsa naquele presente. Que deu errado
demais, claro. Ficou em terceiro lugar, apesar dos seus institutos de pesquisa,
do Grupo Claudino, dizerem que ele ficaria em primeiro ou em segundo. Inventaram
até um segundo turno para ele.
Dois: o futuro do Piauí sob a ótica do “empresário” e “político”
João Vicente Claudino realmente não tem futuro. A propósito. Já o estamos
vivenciando. Quebradeira total. Para começar, o estado está impedido pelo
governo federal de contratar empréstimos porque não tem palavra. Mente sobre os
números dos seus próprios balanços financeiros, de acordo com nota do
Ministério da Economia. Indicadores econômicos, por outro, mostram que nos
últimos três anos e meio houve um empobrecimento brutal da nossa população
piauiense. E isso não foi um fenômeno nacional, senhor empresário. Cerca de 320
mil piauienses entraram para a linha da extrema pobreza. Estavam pobres e
ficaram ainda mais pobres. Não vou repetir sobre outros assuntos tão falados
pelos demais oradores do momento. Hoje são muitos. Falei sozinho durante muito
tempo e talvez por isso seja um exilado em minha própria pátria.
Para encerrar. Logo depois da entrevista, o empresário
Deolindo Aguiar, dono da emissora, o recebeu num convescote particular em seu
escritório. No local, João Vicente foi extremamente deselegante para comigo. Para
com minha profissão. Digo que sou um cara muito amargo e que faço perguntas
indiscretas. Vê se pode. Perguntas que deixam os entrevistados em situação
difícil. Disse ainda que tinha ficado chateado por conta da minha indagação
sobre ele e Wellington Dias.
Esse é o tipo de político que nós temos no Piauí. Não pense
que seria diferente com qualquer outro. A grande maioria se comporta do mesmo
jeito. Não estou falando de qualquer um. Estou falando de um sujeito com quem
mantive excelentes ligações por muito tempo. Na verdade, eles querem que nos
comportemos sempre como aduladores. Querem que o jornalista se comporte como um
cronista social das antigas, que dava apenas notinhas sobre batizados e
casamentos. Ora, meus senhores. O cronista social de hoje faz notícias
jornalísticas com muita propriedade.
Recentemente João Vicente animou a oposição anunciando que
romperia com o governo de Wdias porque este não tinha nenhum significado para o
Piauí, que havia falido o estado e tal. Imagino que os colegas que colocaram
isso em portais não criaram tal notícia. Pois bem. Logo depois ele aparece
anunciando que fica mesmo com o governo. Ao ver a listinha de nomeações do
governo entendi suas razões. Coisa pequena. Ali estão os seus mais fiéis
seguidores. Gente que não quer trabalhar e que adora ficar dependurado na
babugem do estado. Gente que contribui para a quebradeira eterna do Piauí.
Maria, Valei-me!
Toni Rodrigues, em Porto-PI, data de 28 de junho de 2019
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