sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Os açudes e o abastecimento humano


Eurípedes Aguiar iniciou construção do açude grande de Campo Maior em 1919: construção ou reconstrução. Na verdade, existem ali duas estruturas; a primeira foi implantada ainda no século XIX para garantir o abastecimento humano da então vila 

No dia 6 de janeiro do ano passado, no jornal Diário do Povo, escrevi sobre açudes e defendi o seguinte: “Com que finalidade se construíam açudes antigamente? Simples, de garantir o abastecimento humano. Não havia tecnologia suficiente para se buscar água a grandes profundidades, então os homens faziam barragens ou canalizações de longa distância, mas as perdas eram imensas por conta da evaporação. Da segunda metade do século XIX em diante, os governantes adotaram como prática de combate as secas a construção de açudes, barreiros e aguadas. O açude de Campo Maior, 82 km ao norte de Teresina, dentre outros, surgiu desta maneira. Teve sua construção iniciada em 1919 pelo então governador Eurípedes Clementino de Aguiar, que, além disso, também atuou na construção da estrada Floriano/Oeiras, entre as cidades de Nazaré e Floriano. Em Altos, 42 km ao norte da capital, na região metropolitana da Grande Teresina, também construiu-se açude na área urbana, só que ao fim do século XIX, com a finalidade idêntica de se garantir o abastecimento da população. Na época havia bem menos recursos e condições técnicas, havia bem menos conhecimentos e se conseguia fazer as coisas acontecerem. Que empecilhos existem na atualidade?!”



Obra iniciada e não realizada pela 
prefeitura de Campo Maior na gestão do PT


 Crítico e atuante

Eurípedes Clementino de Aguiar era um crítico da União. Era governador do Piauí, estado de condições razoáveis, que dependia do governo federal para pouca coisa naquele tempo – começo do século XX. Quando se queria fazer alguma obra, pedia-se dinheiro ao empresariado – e se pagava logo em seguida ao término da realização. Euripão, como era mais conhecido, queria interligar a ferrovia de Pernambuco, que passava por Petrolina, ao Piauí. Eleito senador, juntou seus esforços aos senadores Pires Rebelo, Aristides Rocha, Antonino Freire e Mendes Tavares. Mas a revolução de 1930 cassou seu mandato. Getúlio Vargas o tinha na conta de inimigo – o que é uma vergonha.


Romildo Mafra: no atual governo petista,
em nível estadual, cuida de açudes e barragens

Vamos ao debate

Romildo Mafra é mantido num cargo na Secretaria de Estado do Meio Ambiente em que se fala sobre conservação de barragens. Mas não se fala sobre dezenas de antigos açudes que existem nas cidades e que poderiam ser recuperados para serem usados no apoio ao abastecimento humano.

Açudes e dejetos

Não consigo entender como é que naquele tempo antigo, de recursos materiais e tecnológicos muito mais escassos, se conseguia fazer tanta coisa e hoje, com praticamente tudo a disposição, não se consegue fazer quase nada. Como exemplo, esses açudes que foram feitos no século passado e que estão minguando no centro das cidades, servindo apenas como reservatório para esgotos. Não servem mais nem como cartões postais. Antes, ao menos eram atrativos como recantos das garças, embora saibamos que elas também andem atrás de sujeiras. Hoje, são os urubus que buscam seu alimento nos dejetos ali depositados.

(Toni Rodrigues)

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