O empresário João Dória (PSDB) assume a prefeitura de São
Paulo com um ato demagógico da maior categoria. Se veste de gari e se dana em
varrer as ruas da capital paulista como se isso fosse redimir os seus pecados,
como se isso fosse resolver os problemas da maior cidade do Brasil e uma das
maiores cidades do mundo. Não vai. Nem vai aliviar o peso das críticas sobre
ele quando iniciar cometer os seus erros administrativos e políticos, que serão
muitos de agora em diante. Tornou-se vidraça, o moço. Nem adianta discurso
comprido, nem retórica de voleio. Tem que trabalhar de verdade – e pelo visto,
em nosso país tropical, essa é uma mercadoria bem complicada. Elvira Raulino,
jornalista, também tucana, ganhou a prefeitura de Altos em 2000, tomou posse em
janeiro de 2001, danou-se em limpar ruas, meter a mão na lama juntamente com os
garis da cidade. Contratou gente em regime de emergência, caminhões levando e
trazendo carradas e mais tantas outras de lixo retirados dos esgotos das ruas,
toneladas de entulhos recolhidos das ruas e das praças públicas, gente gritando
seu nome por onde ela passava, e ela vibrando e agitando os braços, toda suja,
parecendo um personagem de Carlitos, eufórica e dizendo “serei a melhor
prefeita do Brasil.”
Diferença de votos
Diferença de votos
Elvira Raulino foi eleita em 2000 com 52% dos votos contra Eliete Fonseca, para quem havia perdido em 1996 por uma diferença de quatro mil votos. Na eleição seguinte, disputou a reeleição e ficou em quinto lugar com pouco mais de 1.700 votos.
Realizações e salários
Fez um governo razoável de realizações. Pagou salários em
dia, realizou a situação de concursados, em seu governo servidores passaram a
receber vencimentos em contas bancárias. Mas não conseguiu dialogar com a sociedade
nem com a classe política, embora tenha permitido nomeações a valer.
Campanha brilhante
João Dória, na prática, é um grande empresário e um homem que
conhece muito da verdade. Fez uma campanha brilhante e vibrante. Foi testado e
aprovado contra adversários experientes.
Começa mal
Mas começa mal com atitude que, sabidamente, não poderá
manter ao longo da gestão. Prefeito não é para varrer ruas nem para apanhar
lixo. No máximo poderia supervisionar a ação dos garis ou chefes de equipes.
NOTÍCIAS BREVES
*** Em seu governo, a jornalista Elvira Raulino reuniu apoio
de praticamente todos os 13 vereadores da época, mas não conseguiu mantê-los,
tanto que na sucessão a cidade de Altos contou com sete candidatos.
*** A prefeita foi a quinta mais votada e não conseguiu
manter ao seu lado nem mesmo o grupo político do então vice-prefeito Antonio
Francisco Gil Barbosa, que aquela altura passara em concurso para juiz de
direito no Pará e partira distante.
*** Os outros
candidatos foram: José Batista Fonseca, Espedito Mendes Pacífico, Zeca da
Mariinha, Marcelo Mascarenha, ela própria, Anísio Neto e João Cleto. Resultado
histórico e vexatório para uma prefeita nem tão ruim.
*** Fala-se que o governo de Elvira Raulino foi marcado por
muita novidade, como a realização de shows e eventos culturais que abriram as
portas da cidade para o conhecimento do grande público, mas ela teria se
comportado com certa arrogância ao se julgar “a melhor prefeita do Brasil.”
*** Na prática, não
foi bem assim, Elvira simplesmente divulgou um outdoor agradecendo os mais de
8.300 votos recebidos no pleito e prometendo aos seus eleitores que seria a
melhor prefeita, ela só não podia fazer isso porque “o futuro a Deus pertence” –
como diz aquele velho ditado popular.
*** O paulista Dória tem apenas que se cuidar para não ser
arrogante ao ponto de achar que o simples ato de pegar uma vassoura pode colocá-lo
acima de qualquer suspeita e que isso o tornaria isento de cobranças futuras
por parte da sociedade acima e abaixo. Os municípios brasileiros querem mais
dos seus prefeitos.
*** Na verdade, meter a mão na lama nem sempre compensa.
*** Na verdade, meter a mão na lama nem sempre compensa.
Ao fim do mandato, Elvira recebe homenagem.
(Toni Rodrigues)
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