segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

João Dória e o efeito Elvira


O empresário João Dória (PSDB) assume a prefeitura de São Paulo com um ato demagógico da maior categoria. Se veste de gari e se dana em varrer as ruas da capital paulista como se isso fosse redimir os seus pecados, como se isso fosse resolver os problemas da maior cidade do Brasil e uma das maiores cidades do mundo. Não vai. Nem vai aliviar o peso das críticas sobre ele quando iniciar cometer os seus erros administrativos e políticos, que serão muitos de agora em diante. Tornou-se vidraça, o moço. Nem adianta discurso comprido, nem retórica de voleio. Tem que trabalhar de verdade – e pelo visto, em nosso país tropical, essa é uma mercadoria bem complicada. Elvira Raulino, jornalista, também tucana, ganhou a prefeitura de Altos em 2000, tomou posse em janeiro de 2001, danou-se em limpar ruas, meter a mão na lama juntamente com os garis da cidade. Contratou gente em regime de emergência, caminhões levando e trazendo carradas e mais tantas outras de lixo retirados dos esgotos das ruas, toneladas de entulhos recolhidos das ruas e das praças públicas, gente gritando seu nome por onde ela passava, e ela vibrando e agitando os braços, toda suja, parecendo um personagem de Carlitos, eufórica e dizendo “serei a melhor prefeita do Brasil.”

Diferença de votos

Elvira Raulino foi eleita em 2000 com 52% dos votos contra Eliete Fonseca, para quem havia perdido em 1996 por uma diferença de quatro mil votos. Na eleição seguinte, disputou a reeleição e ficou em quinto lugar com pouco mais de 1.700 votos.


Realizações e salários

Fez um governo razoável de realizações. Pagou salários em dia, realizou a situação de concursados, em seu governo servidores passaram a receber vencimentos em contas bancárias. Mas não conseguiu dialogar com a sociedade nem com a classe política, embora tenha permitido nomeações a valer.

Campanha brilhante

João Dória, na prática, é um grande empresário e um homem que conhece muito da verdade. Fez uma campanha brilhante e vibrante. Foi testado e aprovado contra adversários experientes.

Começa mal

Mas começa mal com atitude que, sabidamente, não poderá manter ao longo da gestão. Prefeito não é para varrer ruas nem para apanhar lixo. No máximo poderia supervisionar a ação dos garis ou chefes de equipes.

NOTÍCIAS BREVES

*** Em seu governo, a jornalista Elvira Raulino reuniu apoio de praticamente todos os 13 vereadores da época, mas não conseguiu mantê-los, tanto que na sucessão a cidade de Altos contou com sete candidatos.

*** A prefeita foi a quinta mais votada e não conseguiu manter ao seu lado nem mesmo o grupo político do então vice-prefeito Antonio Francisco Gil Barbosa, que aquela altura passara em concurso para juiz de direito no Pará e partira distante.

***  Os outros candidatos foram: José Batista Fonseca, Espedito Mendes Pacífico, Zeca da Mariinha, Marcelo Mascarenha, ela própria, Anísio Neto e João Cleto. Resultado histórico e vexatório para uma prefeita nem tão ruim.

*** Fala-se que o governo de Elvira Raulino foi marcado por muita novidade, como a realização de shows e eventos culturais que abriram as portas da cidade para o conhecimento do grande público, mas ela teria se comportado com certa arrogância ao se julgar “a melhor prefeita do Brasil.”

***  Na prática, não foi bem assim, Elvira simplesmente divulgou um outdoor agradecendo os mais de 8.300 votos recebidos no pleito e prometendo aos seus eleitores que seria a melhor prefeita, ela só não podia fazer isso porque “o futuro a Deus pertence” – como diz aquele velho ditado popular.

*** O paulista Dória tem apenas que se cuidar para não ser arrogante ao ponto de achar que o simples ato de pegar uma vassoura pode colocá-lo acima de qualquer suspeita e que isso o tornaria isento de cobranças futuras por parte da sociedade acima e abaixo. Os municípios brasileiros querem mais dos seus prefeitos.

*** Na verdade, meter a mão na lama nem sempre compensa.


Ao fim do mandato, Elvira recebe homenagem.

(Toni Rodrigues)

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