O Blog Amigo da Notícia tem
recebido muitas denúncias de que prefeitos estão nomeando apaniguados políticos
para cargos importantes em seus municípios, do tipo meio ambiente, turismo, economia,
trabalho etc.
Eles sabem que isso não vai servir
para nada e que estes indicados não irão captar recursos e nem contribuir com
ideias, irão apenas utilizar estes cargos como se fossem empregos para pagar
suas contas e usar as prefeituras como se fossem agências de emprego,
exatamente nessa ordem.
Daqui a quatro anos se repetirá o
que aconteceu há oito com os prefeitos da safra passada, ou seja, marasmo,
sofrimento, frustração, todo mundo malhando as prefeituras e dizendo que os
gestores não servem para nada.
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Mas a pior parte é que terão jogado
diretamente na lata do lixo bilhões de reais do erário municipal de um estado
pobre que mal se aguenta de pé e que vive exclusivamente das verbas do tesouro
nacional.
Há que se considerar ainda o fato
de que grande parte destas secretarias existem apenas no papel, para justificar
nomeações e ordenados destes secretários (também de mentirinha, porque nem dão
expediente e nem possuem local para despachar).
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Outra grande novidade instituída
pelos prefeitos da gestão passada 2013/2016 foram as firmas terceirizadas pelas
quais podiam contratar prestadores de serviços sem nenhum critério – teste seletivo,
limite de salários ou prazo contratual – era tudo do jeito que o diabo gosta.
Vamos, em tese, tentar entender,
como funciona o esquema.
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O sujeito chegava dizendo estar
precisando de emprego e eles simplesmente mandavam um bilhetinho para o
secretário que seria candidato na eleição seguinte dizendo: acomode o amigo (a)
aqui e estava tudo resolvido, quanto ao salário pague o mínimo, mas dê só 600 e
fique com o resto.
Os coitados eram obrigados a
assinar contratos em três vias que não ficavam em seu poder e sim nas
secretarias ou nas prefeituras, e muitas destas empresas terceirizadas nem eram
empresas e sim fundações fantasmas que funcionavam a serviço de entidades
religiosas em outros estados, que é para dificultar a fiscalização do tribunal
de contas (ou de faz de contas, como queiram alguns).
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A fundação fantasma permite ainda
um processo de triangulação dos recursos que a gente consegue ver a olho nu,
mas que perante a burocracia dá um trabalho medonho para ser apanhado, quer
ver, dê uma olhadinha.
A prefeitura é do estado de Goiás,
a fundação estaria cadastrada em Belém (PA) e a prefeitura faz licitação para
contratar terceirizados.
Imagine que a licitação é nacional
e a empresa ganhadora é do Rio Grande do Sul, mas fique sabendo também que em
99,99% dos casos as licitações são dirigidas, portanto a empresa ganhadora é de
cartas marcadas, o que acontece então?
Apesar do baixo preço apresentado
pela empresa, a prefeitura está sem condições de fazer o contrato diante da
crise financeira e do decreto de emergência, entende?
Para facilitar ainda mais, a prefeitura
decreta emergência e simplesmente faz um convênio com a tal fundação fantasma,
que, por sua vez, se encarrega de ceder o pessoal para fazer a limpeza da
cidade.
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Neste caso, como não tem o pessoal
disponível de imediato, ela vai contratar de uma determinada empresa, busca na
própria prefeitura, a sugestão, que recebe então daquela empresa que participou
da licitação dirigida e não fora contratada... ainda – para não levantar
suspeitas, ora bolas.
Temos então aí um elemento jurídico
quase perfeito, a prefeitura, a fundação, a empresa, o dinheiro e os
funcionários contratados, tudo no ponto para a derrama e a prestação de contas
sem qualquer deslize... ou quase, se ninguém reclamar.
Situada em município de Goiás, a
prefeitura faz convênio com uma fundação da cidade de Belém, no estado do Pará,
que por sua vez vai buscar uma empresa no estado do Rio Grande do Sul, na
verdade, serão apenas os papéis para legalizar a situação, porque os
funcionários serão da própria cidade do estado de Goiás.
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Todo mundo ganha, vivem felizes
durante um ou dois mandatos ou mais, tem gente que está vivendo há três ou
quatro mandatos com este mesmo esquema, prefeitos, vereadores, é quase
infalível, se ministério público e judiciário não perceberem, não fura nunca e tribunais
de contas e a justiça eleitoral serão permanentemente ludibriados.
O nobre leitor tem que entender o
seguinte:
O tribunal de contas do estado do Piauí
tem a maior dificuldade para liberar servidores para fazer uma pequena
auditoria numa cidade como Angical, que fica a cento e poucos kms de Teresina,
ou então em Campo Maior, que fica a oitenta e poucos kms.
Tem dificuldade para liberar
servidores para ministrar palestras em câmaras de vereadores numa cidade como
José de Freitas que fica a pouco mais de cinquenta kms da capital ou então para
verificar uma denúncia feita por um vereador numa cidade como União que também
está situada a aproximadamente cinquenta kms.
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Pense agora que este mesmo servidor
(um auditor, um analista etc) teria que se deslocar por três estados diferentes
(a começar pelo seu próprio – porque teria como ponto de partida o município a
ser investigado), a trabalheira que seria conseguir fazer este trabalho, era o
mesmo que pedir que este funcionário do tce/PI se transformasse em James Bond,
o singularíssimo 007.
Eita Piauí difícil, meu irmão, e
mais difícil ainda vai ficar.
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Diante de tudo isso, lembro daquela
história que era contada nos anos 70:
Diz que nasceu uma criança com
corpo de gente e cabeça de cavalo na maternidade tal.
A enfermeira pega a criança e fala:
- Oh menino feio, meu Senhor Jesus.
A criança levanta a voz e responde
imediato:
- Feio não sou eu, feia é a tempestade
que vai cair na cidade depois de amanhã as seis da tarde.
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O bicho vai pegar, conselheiros e
auditores.
(Toni Rodrigues)
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