segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Almanaquim do Ar e a voz do rádio que defendia o povo


Chiquim Figueiredo, apresentador do Almanaquim do Ar

O ano era 1964, pouco depois de estourar o golpe militar, para uns a revolução redentora, que viria redimir o Brasil. Em Teresina, o jornalista e radialista Francisco Figueiredo de Mesquita apresentava o programa “Almaquim do Ar” na Rádio Clube. Muita audiência, o que o tornava bastante popular. Um político em ascensão. Viria a ser vereador e deputado estadual. Os militares ficaram de olho e mandaram um grupo para conduzi-lo ao 25/BC. Chiquinho Figueiredo, como era mais conhecido, estava na rádio naquela noite, produzido o programa que seria apresentado na manhã seguinte, bem cedo. Com ele, Carlos Augusto de Araújo Lima, que era pouco mais que um adolescente, ajudando na rádio escuta. Ouvia notícias de outras emissoras, anotava e depois redigia. Chiquinho deu uma saída e foi avisado. “Tem uns milicos aí te procurando” – disse alguém. Ele então deu um jeito de sair de fininho. Num dos corredores, deu de cara com alguns oficiais, que seguiam para a redação. “O senhor é Francisco Figueiredo?” – perguntou deles. “Não, senhor, ai quem dera. Homem popular. Está lá dentro. É um bem novinho.”E os militares continuaram e apreenderam Carlos Augusto de Araújo Lima, que ficou furioso com o colega. Enquanto isso, Chiquinho do Povo escapou por uma janela lateral do Colosso do Monte Castelo e conseguiu ficar a salvo do oficialato até melhor oportunidade.

Mídias sociais

Não se faz mais comunicadores como antigamente. Teresina teve uma geração de jornalistas que se elegia apenas com a voz em defesa da comunidade. Hoje, com a abertura das mídias sociais, todo mundo pode fazer a sua própria defesa, embora nem todos possuam qualificação para tanto. Por isso, grande parte não se faça ouvir por quem de direito. Este é o grande problema para a população em geral – e uma solução excelente para as autoridades, também no geral.

Idiotas da aldeia

Ante tal, basta isolar os jornalistas e radialistas e estimular os chamados “idiotas da aldeia” (como diria Umberto Eco) a ficarem teclando o dia inteiro nas mídias sociais (facebook, whatsapp, twitter). Porque sabem que eles não serão ouvidos nunca, nem que falem o dia inteiro, o ano inteiro. A essência da comunicação de massa é exatamente a concentração e não a dispersão. A experiência está exatamente na multidão.

Dispersar multidões

A autoridade policial quando quer dispersar uma grande manifestação simplesmente atira gás lacrimogêneo. Com isso, força o indivíduo a correr destabanadamente e a isolar-se do contexto geral da multidão, a voltar-se novamente para dentro de si, enfim, a isolar-se. Com o isolamento, ele deixa de ser a multidão e volta a ser uno.

Massa global

Com as redes sociais, o indivíduo pensa que está interligado na massa global, mas não é o que está acontecendo, por conta de um pequeno detalhe. A completa ausência do contexto biológico – o distanciamento do elemento humano. Para sentir-se próximo do outro, tocado por ele, motivado por ele, é preciso sentir-lhe o feromônio. Sem isso, todos somos ausentes um do outro e, portanto, não nos sentimos.

NOTÍCIAS BREVES

*** A empresa Inove Construção Civil Ltda recebeu da secretaria de estado da educação em data de 31 de deembro de 2016 a importância de 67 mil 419 reais e 26 centavos.

*** Diz respeito aos serviços e reconstrução do telhado e duas salas onde funciona a oficina de carteiras da seduc, antiga Unidade Escolar Odilon Nunes, em Teresina. O contrato leva o nº 258/2016.

*** A mesma seduc também pagou a empresa Beltech Construções e Instalações Ltda a quantia de 959 mil 070 reais 06 centavos pela reforma e ampliação da Unidade Escolar João Henrique , em Teresina. O pagamento do contrato de nº 247/2016 se deu em 31 de dezembro passado.

*** Foi assinado em 7 de dezembro passado o contrato entre governo do estado e Erica Construção Ltda, visando a construção do novo campus da universidade estadual do Piauí na cidade de Oeiras (309 km de Teresina).

*** A obra está orçada em 4 milhões 590 mil 094 reais 61 centavos. Em tempo: não tem prazo para ser concluída. É provável, pois, que seja iniciada e que nunca seja encerrada. Como muita coisa por aí afora.

*** A secretaria do desenvolvimento rural contratou junto a empresa F. M. A. Comércio e Distribuição Ferragens Ltda “equipamentos de piscicultura para cultivo em sistema de tanques rede e tanque escavado, equipamentos de análise de água na aquicultura beneficiamento, armazenamento e conservação de pescado, equipamentos para vacinação e transporte de peixes.” Custou 365 mil reais. Contrato firmado em 5 de dezembro de 2016 e resolvido na mesma data.


(Toni Rodrigues)


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