A blusa azul da estampa de pinguim e a moda dos outros; ou: seja você mesmo e ponto final

Quando eu era adolescente vi uma propaganda de uma blusa bem bacana que tinha um pinguim na estampa frontal. Fiquei encantado por aquela blusa e decidi comprar uma para mim, então juntei uma grana e na quinta-feira fui até a loja da Pernambucanas que tinha na esquina do calçadão da Simplício Mendes com rua Coelho Rodrigues, centro de Teresina, e paguei o preço solicitado pelo vendedor.

No sábado a noite fui com meus amigos Adessandro e Pedro a uma festa de pop rock no Clube das Classes Produtoras, avenida Kennedy, e quando cheguei lá tinha mais ou menos uns 100 caras da minha idade vestindo só a blusa com a mesma estampa do pinguim. Fiquei chateado porque os sujeitos podiam ter variado pelo menos na cor, eu mesmo podia ter variado pelo menos na cor, escolhido, quem sabe um verde, amarelo, rosa choque, que tava muito na moda naquele tempo, mas não, todo mundo comprou também justamente a mesma cor, que era azul.

Amigo da notícia, era todo mundo vestindo a blusa azul com estampa do pinguim na frontal, parecia um batalhão e de repente todo mundo ficou se olhando e não sabia onde meter a cara, um bocado da gente resolveu se esconder no banheiro, mas não deu muito certo, porque havia um tanto já escondido por lá, outro ajuntamento se fez no pátio, mas foi do mesmo jeito (para todo lado que a gente se virava era a mesma coisa, fiquei com uma sensação horrorosa). Chamei Adessandro e Pedro, que estavam com camisas diferentes e calças jeans de cores diferenciadas também, uma mais clara que a outra – eu ainda para tentar diferenciar fui com uma calça social – foi então que entendi que esse negócio de seguir tendência, moda, essas coisas, não combinam comigo.

Essa história de “maria vai com as outras” não dá certo de jeito nenhum. A gente tem que fazer o da gente, tem que seguir a moda da gente, a cabeça da gente, criar a nossa própria tendência e deixar que os outros nos sigam. Se, num determinado momento, não houver seguidores, tudo bem, não é caso para desespero, é apenas uma questão de tempo, ou de conformação. Você não mandou bem, ponto final.

(Toni Rodrigues)