As cidades mudaram muito nos últimos meses. Tanto que as
autoridades deixaram de ser representativas da população e se tornaram
representantes de grandes corporações. Não atendem mais aos apelos e nem mesmo
aos protestos indignados daqueles que residem na comunidade quando se sentem
ofendidos por medidas inadequadas e adotadas na obscuridades dos salões
refrigerados – antes na casa grande, enquanto a senzala apenas observa.
As corporações bancadas pelo capital estrangeiro sequer
mandam seus executivos, eles já estão bem representados por aqueles que se
dizem representantes do povo – mandatários regiamente eleitos com elevadas
somas em dinheiro, tanto que são completamente anônimos para a grande maioria
dos eleitores. Basta que você pergunte a qualquer dos indivíduos que em 2 de
outubro foram as urnas escolher vereadores e prefeitos quem são aqueles que
tomarão posse neste 1º de janeiro e a grande maioria vai dizer que não sabe o
nome de metade das camaras legislativas, se bobear não saberão responder nem
mesmo oitenta por cento dos integrantes do poder de vereância – que é o poder
mais importante em qualquer município.
As grandes corporações pagam, em sua maioria, sim, porque
existem exceções, muito embora estejam sendo banidas, porque todos sabem que no
mundo futuro não haverá espaço para pequenas bondades, como tarifas sociais,
programas de acalanto nem muito menos agrados para criancinhas pobres, gestantes
carentes ou homens desempregados – tudo será pago de um jeito ou de outro:
água, luz, telefone, a privatização anda a cavalo, como diriam os celtas
antigos, ops, o castigo vem a cavalo.
Deste modo, de olho nos grandes negócios, paga-se
antecipadamente por leis, licitações dirigidas, pareceres, indicações,
projetos, maiorias em comissões técnicas, governantes que topam qualquer
parada, secretários que nunca dizem não e parlamentares que ficam em silêncio o
tempo todo e que o máximo de movimento que fazem é balançar a cabeça
afirmativamente. As câmaras de anônimos seguem no esteio de um fenômeno que se
repetirá de agora para frente.
Nunca mais teremos eleições domésticas nas cidades, com
candidatos das próprias comunidades. Serão indivíduos importados, que chegarão
de paraquedas, de uma para outra, vestindo fantasias de gente do bem, mas que
ninguém sabe de quem se trata, e que farão muito bem o papel durante as
campanhas, mas que logo depois sairao de cena e que jamais serão vistos em
públicos novamente até que chegue a próxima campanha ou então quando se fizer
necessário.
(Toni Rodrigues)
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